segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Sobre o retorno ao nada

Seis anos e sete meses se passaram e olha quem voltou...

Eu? Não, quisera ser apenas a minha volta, o que retornou foi muito pior: o vazio grande o suficiente pra me encher de vontade de escrever sobre tudo aquilo que eu queria esquecer.

Um abraço, um sorriso, os olhos.

A vida é mesmo engraçada – pra não dizer dramática.

O mesmo vento que veio e levou tudo, voltou...e trouxe a ausência de tudo.

Tudo novo, de novo.

Mesmo vazio, sem sentido.

Longe de todos. Longe dos meus. Longe do fogo. Longe do amor que jurei ser pra vida toda.

Longe de toda a vida que almejei, planejei e idealizei.

Longe...longe...longe.

Tudo é longe.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Inso(a)ne

"Dúvidas em dimensões, pensei ter visto alguém aqui."

É minha linda, fazia tempo que você não me fazia uma visita dessas, daquelas que chega sem hora de partir.

Não vou mentir para você, não senti nenhuma saudade. Para ser honesto já nem lembrava da sua existência.

Não, minhas noites não perderam a graça quando você partiu, pelo contrário, foi melhor e tudo passou a fazer mais sentido.

Lembro perfeitamente da noite que você partiu, dormi como uma criança cansada. Não havia nenhum peso sobre as minhas costas. Respirava tranquilidade e paz.

É, a sua ausência foi uma bênção.

Mas a vida sempre nos prega peças né? Ôh vidinha danada!

Nos nossos piores momentos anseiamos por companhia, mesmo que não seja aquela que gostaríamos de ter, mesmo que seja a tua companhia.

E olha quem voltou? Logo você.

Fiquei envergonhado e sem graça com a sua presença. Não sabia o que fazer contigo/comigo.

Afinal, havia tanto tempo que não nos víamos. Será que você me trataria bem? Será que eu saberia como agir mesmo depois de tanto tempo?

Claro que saberíamos como seria, não poderia ser diferente.

Agora apaga a luz e chega perto, aumenta o som no meu estéreo e vamos dançar.

Não importa o tempo que estívemos afastados, o que importa é que estamos aqui, mais uma vez juntos.

Eu quero te levar a sério, me leve a sério também.

"E tudo que eu falei dormindo eu sempre quis dizer de dia.
Invento artifícios pra nunca te perder.
Eu não vou te perder! Eu não vou te perder! Eu não vou te perder!"

Agora vem, me abrace e deite ao meu lado.

Dê-me um beijo de boa noite e tente não roubar mais uma vez o meu sono.

Eu confio em você.

Seja bem vinda Insônia.

P.s.: obrigado pela companhia.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Tente entender a minha alegria..."

Foram momentos de intensidade ímpar.
Olhares falaram mais que mil palavras.
Sorrisos iluminaram mais que o mel do Sol.
Havia mais que um show e um expectador/ouvinte.
Havia o encanto sendo lançado pelos olhos de um anjo que canta e encanta como ninguém.
Olhos que me ofereciam uma paz que eu jamais pude tocar.
Olhares que me inibiam, me encolhiam e me deixavam entre a insegurança e a felicidade.
"O que fazer? Como reagir? E quando acabar, o que eu faço?...
Será que ela está olhando pra mim mesmo?"
Pude sentir como se uma panapaná estivesse em meu estômago, me guiando em direção àqueles olhos apaixonantes.
Apaixonar-se por um olhar e/ou por um sorriso não é exclusividade sua Oswaldo.
Quisera eu ter a delicadeza e a sapiência dos poetas que nos legaram flor pra descrever cada sensação boa que tive e continuo tento só de lembrar daqueles olhos, daquele sorriso.
E que olhos...que sorrisos...que voz.
Mas se eu quiser ser mais direto vou me perder, é melhor deixar quieto.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Tempo, a Alma e o Espelho.

Tudo se transforma e isso não é necessariamente ruim...nem bom.
Tudo se transforma porque simplesmente não há como ser a mesma coisa sempre.
O tempo é agente corrosivo e, querendo ou não, deixa as suas marcas.
Marcas essas que muitas vezes não são perceptíveis a quem olha do lado de fora, mas quem consegue olhar por dentro as entende perfeitamente.
A roupa surrada, velha e amarrotada já não é notada, não interfere em nada.
A cabeça curvada ao chão, o olhar úmido e o rosto cansado passam desapercebidos.
A barba cresceu e ele sequer notou, pois não se importa com a imagem refletida no espelho, ele sabe que os seus maiores tesouros e valores espelho nenhum refletirá.
Os sonhos se perderam entre as pedras do caminho e, para cada sonho perdido, parte do seu ser se perdia.
Já não estranha os lagos sem peixe, as ruas vazias, os carros parados, as árvores sem folhas.
O céu sem estrelas, o mar afônico, o sol sem brilho...ele não sabe o que houve, mas sabe quais foram as marcas que o tempo deixou.
Muito além da roupa velha, dos olhos úmidos, do rosto cansado...não são essas as marcas mais profundas que o tempo lhe ofertou.
Sonhos perdidos são como tatuagens n'alma, ninguém vê, mas quem tem sabe que elas existem.
E a barba?! Bom, a barba é apenas o sinal de que a alma entristece, mas não faz mal, eles ainda procuram pela explicação no espelho.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Tenho nas mãos um coração maior que o mundo..." Zeca Baleiro

Depois de um longo e tenebroso inverno, eis-me aqui mais uma vez.
Algumas coisas têm acontecido na minha vida que vem me fazendo pensar em qual seria o meu real tamanho.
É engraçado, pois normalmente nós tentamos ser boas pessoas, regar bons sentimentos, neutralizar os maus, dispensar carinho e atenção, ou seja, buscamos, de alguma forma, sermos aquilo que gostaríamos que fossem conosco, como naquela velha e atualíssima ideia de tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.
Ok, até aí tudo entendido. Mas como saber se o que eu penso ser o meu melhor é, no mínimo, razoável para o outro? Difícil não?
A gente nunca sabe exatamente qual o nosso tamanho.
Assim como eu nunca sei me expressar nesse blog exatamente como eu gostaria, sempre penso corretamente, mas nunca consigo transpor em palavras da mesma forma.
Essa ideia do meu real tamanho me remete ao cachorro pequinês, que nunca sabe o seu tamanho real e busca atacar mesmo quando frente a frente com um cachorro enorme. Existem também aqueles cachorros enormes que querem deitar no nosso colo como se fossem pequeninos.
Eu não sei qual dos dois eu sou.
Eu me sinto pequeno, impotente e ultrapassado e venho me convencendo de que o tamanho que eu penso ser é exatamente o tamanho que eu sou.
Mas e se para o outro esse pouco que eu penso ser é muito?
Pode acontecer, mas primeiro eu tenho que tirar da cabeça que eu sou pequeno e não tenho o que oferecer.
Eu posso ter todas as qualidades que uma pessoa busca noutra e talvez essas qualidades ofusquem meus defeitos para essa pessoa.
Mas e se você encontra essa pessoa e não pode mostrar além do que já mostrou?
Eu sinceramente não sei o que estou dizendo.
Me perdi, mas continuo seguindo o caminho que eu acho que me levará pra onde eu quero estar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Entre o Sagrado e o Profano

Minha maior virtude, meu maior defeito
Paralelas que se cruzam no lado esquerdo do peito
Revolta psicológica causando os seus efeitos
A perfeita simestria de um ser imperfeito

Medo de agir e não querer ser diferente
Medo de pensar em desacordo com o padrão vigente
Deixa de pensar e finge ser proeminente
E não percebe se amoldar ao excesso de contingente

Acorrentados entre os muros da nossa virtude
Fechando as portas pra qualquer vicissitude
Jamais iremos conquistar a plenitude
Esperando que, sozinho, um dia tudo mude

Moralidade de coloridos vitrais
Nau a deriva a milhas e milhas do cais
Esqueçam as máquinas, somos meros mortais
Feito elefantes em lojas de cristais

Qualquer movimento em falso resulta solidão
O sonho de todo dia não é o circo, é a conquista do pão

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Divagações, Alucinações e Solidão - II

Segundo a geometria Euclidiana, duas retas paralelas a princípio sempre estão "próximas" uma da outra, porém jamais se encontram.

Já pela geometria Não-Euclidiana, quando a distância entre duas retas paralelas for infinita, haverá então o encontro das duas paralelas. Ou seja, as paralelas irão se cruzar a medida em que a sua distância for infinita, sendo assim, de tão distantes acabarão se unindo na imensidão do universo.

Eu sinceramente não sei qual é a melhor teoria. Mas o fato de na geometria Não-Euclidiana as paralelas se cruzarem me encanta mais, mesmo que em determinado momento a distância seja infinita, ao menos se encontrarão em outro ponto.

Parece ser assim que as coisas fluem na minha vida ou essencialmente na minha forma de ver a vida: quanto mais distante, mais próximo e vice-versa.

É engraçado que hoje tenho vinte e seis anos. Como era estúpida a minha previsão aos 18, por exemplo, de como eu seria aos 26. Almejava estar trabalhando, com minha vida encaminhada, tranquilo, talvez com uma namorada/noiva/esposa. Sonhava chegar em casa e ser recebido pelo cachorro que iria me jogar no chão e me lamber de felicidade.

Sonhava poder estar ao lado dos meus pais ajudando-lhes sempre que fosse preciso. Gostaria de poder ser mais compreensivo com eles. Ser mais compreensivo com as pessoas. Ser mais compreensivo comigo mesmo e com meus sentimentos.

Hoje tenho 26 anos e sinto-me menos independente que aos 18, menos confiante e, principalmente, menos feliz.

E tudo isso me remete à noção das paralelas que se cruzam no infinito.

Quanto mais eu me firo e quebro a cara, quanto mais eu me sinto insensível, mais a flor da pele eu sinto os meus sentimentos.

Quanto mais triste eu me sinto, mais próximo da felicidade eu pareço estar.

Me fascinam essas preposições antagônicas. Os extremos me atraem muito mais que o centro por simplesmente serem mais verdadeiros.

São 26 anos de bons momentos e de uma outra parte feito um elefante em loja de cristais: qualquer movimento e tudo vai ao chão.

Ser adulto é entediante e monótono.

Cada dia estou mais distante de tudo que sonhei, de tudo que quis ser. Mas não tem problema, quanto mais distante, mais próximo.

E mesmo que eu ache que a minha maior virtude não passa de um grande defeito, eu sigo em paz, pois sei que as paralelas sempre se cruzam no lado esquerdo do meu peito.